Dieta para doença de Crohn e retocolite ulcerativa

Tempo de leitura: 4 min

Escrito por nutricionista Manoel Ferreira
em dezembro 3, 2024

Esse é um assunto que eu queria abordar há bastante tempo, e quando pedi sugestões de vídeos, muitas pessoas pediram para falar sobre isso. Então, hoje vamos explorar o tema!
Antes de mais nada, quero deixar claro que não vou falar nada da minha cabeça. Vou me basear nas orientações da ESPEN (Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo) sobre alimentação e acompanhamento nutricional em pacientes com Doença Inflamatória Intestinal (DII).  Essas fases influenciam diretamente a digestão, a absorção e o impacto nutricional no paciente.

O que é a Doença Inflamatória Intestinal?

As doenças inflamatórias intestinais são condições em que o trato gastrointestinal, o principal responsável pela digestão e absorção dos nutrientes, sofre com inflamações crônicas. Isso pode trazer consequências nutricionais importantes.

As principais doenças inflamatórias intestinais são:

  • Doença de Crohn: Pode acometer qualquer parte do trato digestivo, desde a boca até o ânus. Por isso, tem maior potencial de comprometer a nutrição, especialmente quando afeta o intestino delgado, onde ocorre grande parte da digestão e absorção.
  • Retocolite Ulcerativa: Afeta o reto e outras partes do cólon (intestino grosso). Apesar de ser mais restrita, também pode ter manifestações graves que comprometem o estado nutricional.

Ambas as doenças possuem duas fases principais:

  • Fase ativa: Quando há inflamação intensa e sintomas agravados.
  • Fase de remissão: Quando os sintomas estão controlados.

Além disso, manifestações extraintestinais, como alterações hepáticas ou biliares, podem agravar a má absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K).


Avaliação Nutricional é Essencial

Uma das primeiras recomendações é que todo paciente com diagnóstico de Doença Inflamatória Intestinal passe por uma avaliação nutricional detalhada. Isso é fundamental porque essas doenças podem causar diferentes tipos de desnutrição:

  • Calórica-proteica: Perda de peso e massa muscular.
  • Específica de nutrientes: Deficiência de vitaminas e minerais, como cálcio, magnésio, ferro e vitamina D.

No caso da Doença de Crohn, que pode acometer partes específicas do intestino, a deficiência de nutrientes será proporcional à região afetada. Por exemplo, o íleo terminal é responsável pela absorção de sais biliares e vitamina B12; sua inflamação pode causar diarreia e carências nutricionais específicas.


Necessidades Nutricionais na Fase Ativa

Na fase ativa da DII, o paciente frequentemente apresenta:

  • Maior necessidade proteica: Devido ao aumento do turnover de proteínas (processo de quebra e reconstrução no organismo). Isso pode levar à perda de massa magra e maior vulnerabilidade à desnutrição.
  • Redução na ingestão calórica: Sintomas como dor abdominal, diarreia e falta de apetite contribuem para a diminuição da ingestão de alimentos.

Embora estudos mostrem que o gasto calórico basal não aumenta significativamente durante a inflamação, a má ingestão e a má absorção podem levar a déficits calóricos e nutricionais.


Estratégias Alimentares

1. Suplementação de Nutrientes:
A suplementação deve ser personalizada com base em deficiências detectadas. Ferritina, vitamina D, cálcio, zinco e ácido fólico são micronutrientes comumente afetados.

2. Proteínas:
Embora o consumo proteico deva aumentar, é necessário cautela. Dificuldades digestivas podem exigir fontes de fácil absorção e distribuição adequada ao longo do dia.

3. Restrições Temporárias:
Na fase ativa, alguns alimentos podem ser mal tolerados:

  • Lactose: A inflamação pode causar intolerância temporária à lactose.
  • Gorduras: Especialmente em casos de comprometimento do íleo terminal, onde a absorção de gorduras e sais biliares está prejudicada.

4. Dieta Normal na Remissão:
Na fase de remissão, a dieta pode ser ampla e variada. No entanto, é fundamental adotar padrões saudáveis, como o consumo de vegetais, frutas, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis (ex.: azeite de oliva e peixes ricos em ômega-3).

5. Probióticos:
No caso da Retocolite Ulcerativa, algumas formulações específicas de probióticos têm mostrado eficácia na manutenção da remissão.


O Papel da Alimentação na Prevenção

Dieta de alta absorção

Embora a alimentação não seja capaz de evitar ou curar a DII, estudos indicam que dietas ricas em vegetais, frutas, grãos integrais e fontes de ômega-3 (como peixes) estão associadas a um menor risco de desenvolvimento dessas doenças. Por outro lado, o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, gorduras saturadas e carne vermelha processada pode aumentar a inflamação no organismo.


Conclusão

A Doença Inflamatória Intestinal exige atenção nutricional contínua e individualizada. Alguns pontos importantes são:

  • Fazer uma avaliação completa para detectar carências nutricionais.
  • Adaptar a dieta de acordo com a fase da doença e a tolerância do paciente.
  • Garantir o consumo de alimentos saudáveis e reduzir processados.
  • Contar com o acompanhamento de um nutricionista ou

    médico especialista para evitar complicações nutricionais a longo prazo.


    Poderá ver o vídeo no youtube Aqui

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