HIV e Nutrição – Alimentação Para Soropositivos

Tempo de leitura: 5 min

Escrito por nutricionista Manoel Ferreira
em dezembro 4, 2024

Vamos falar sobre um tema muito importante: como a alimentação pode influenciar na qualidade de vida de pessoas que vivem com o vírus HIV. Afinal, o que você pode mudar na dieta para ajudar a combater o vírus e viver plenamente com ele? Neste artigo, abordaremos como uma alimentação saudável pode fazer diferença e discutiremos os desafios nutricionais enfrentados por quem vive com o HIV.

Se este tema te interessa, continue acompanhando! Vamos explorar os aspectos mais importantes relacionados à nutrição e às necessidades específicas desses pacientes.

A importância de uma boa alimentação

Alimentação de boa qualidade
Alimentação de boa qualidade

Já é de conhecimento geral que uma boa alimentação é essencial para uma vida saudável e longa. Ela fornece os nutrientes necessários para o corpo e fortalece o sistema imunológico. Mas o que exatamente significa “boa alimentação” para pessoas que vivem com HIV?

Uma dieta equilibrada ajuda a controlar sintomas e complicações relacionadas ao vírus, além de reduzir os efeitos colaterais dos medicamentos antirretrovirais. No entanto, as necessidades nutricionais dessas pessoas podem variar dependendo de sua condição clínica.

Desafios nutricionais para pessoas vivendo com HIV

Quem vive com HIV pode enfrentar dois extremos nutricionais:

  1. Perda de peso não intencional: Isso ocorre principalmente quando o vírus não está controlado, levando a uma alta carga inflamatória e aumento do metabolismo basal (a energia necessária para manter o corpo em funcionamento). Esse quadro pode resultar em condições como anorexia, sarcopenia (perda de massa muscular) ou até diarreia persistente.

  2. Ganho de peso excessivo: Após iniciar o tratamento com antirretrovirais e controlar a carga viral, o metabolismo basal diminui. Sem mudanças na dieta, isso pode levar ao acúmulo de gordura corporal, especialmente visceral, que é pró-inflamatória e traz riscos à saúde.

Essas alterações podem ocorrer de forma gradual, mas é fundamental identificá-las e ajustá-las para evitar complicações a longo prazo.

O papel da inflamação e a importância do equilíbrio

Após alcançar a carga viral indetectável com o uso contínuo de medicamentos, a infecção por HIV se comporta mais como uma doença inflamatória crônica do que como uma infecção ativa. Isso significa que controlar a inflamação é essencial. O excesso de peso e a má alimentação podem contribuir para processos inflamatórios, agravando os riscos de complicações metabólicas e cardiovasculares.

Princípios básicos de uma dieta saudável para quem vive com HIV

Aqui estão algumas orientações gerais para uma alimentação balanceada:

  • Consuma uma dieta rica em vegetais, frutas, grãos integrais e leguminosas.
  • Inclua proteínas magras com baixo teor de gordura, como frango sem pele, peixes, ovos e laticínios desnatados.
  • Limite ao máximo doces, refrigerantes e alimentos ultraprocessados.
  • Em cada refeição, combine proteínas, carboidratos e gorduras boas.

Agora, vamos detalhar alguns aspectos nutricionais importantes.

Calorias: adaptando a energia à sua necessidade

Calorias Cardápio ajustado
Calorias Cardápio ajustado

As calorias fornecem energia para o corpo funcionar. Consumir menos calorias do que o necessário pode levar à perda de massa muscular, o que é prejudicial, especialmente para quem vive com HIV. Por outro lado, consumir calorias em excesso pode resultar em ganho de peso indesejado.

Aqui estão algumas orientações médias (lembrando que é importante buscar uma recomendação personalizada com um nutricionista ou médico):

  • Para manter o peso, consuma cerca de 17 calorias por kg de peso corporal por dia.
  • Em caso de infecção oportunista, aumente para 20 calorias por kg de peso corporal.
  • Para ganhar peso, consuma aproximadamente 25 calorias por kg de peso corporal.

Proteínas: a base para músculos e imunidade

Alimentação Estratégias do Mindful Eating para Controle de Peso
Proteina de Boa Qualidade

As proteínas ajudam a construir e reparar músculos, órgãos e o sistema imunológico. Inclua na dieta:

  • Carnes magras (porco, frango sem pele e peixes).
  • Laticínios com baixo teor de gordura.
  • Fontes vegetais, como leguminosas, tofu e nozes.

Dicas para aumentar a ingestão de proteína:

  • Adicione manteiga de amendoim a frutas ou torradas.
  • Misture queijo em sopas ou vegetais.
  • Inclua atum enlatado em saladas ou pratos.

Carboidratos: energia com qualidade

Nutrição e Saúde Mental:
Carboidrato de Boa qualidade

Carboidratos são essenciais para fornecer energia, mas a qualidade é fundamental. Evite carboidratos simples, como doces, bolos e biscoitos, que são pró-inflamatórios. Prefira carboidratos complexos, como:

  • Grãos integrais (arroz integral, quinoa, aveia).
  • Vegetais e frutas (cerca de 3 xícaras por dia).
  • Fontes de amido, como batata-doce.

Se você tem diabetes ou resistência à insulina, priorize vegetais como fonte principal de carboidratos.

Gorduras: qualidade acima de quantidade

As gorduras são importantes para a absorção de vitaminas e a produção de hormônios. No entanto, escolha gorduras boas e evite as prejudiciais:

  • Boas: Azeite de oliva, abacate, peixes ricos em ômega-3 (salmão, atum), nozes e sementes.
  • Ruins: Gorduras trans, presentes em alimentos ultraprocessados, como biscoitos e frituras.
  • Modere: Gorduras saturadas, encontradas em carnes gordurosas, manteiga e óleos tropicais.

O ideal é que as gorduras saudáveis representem no máximo 30% das calorias diárias, sendo as saturadas menos de 7%.

Vitaminas e minerais: apoio ao sistema imunológico

Quem vive com HIV pode precisar de doses adicionais de vitaminas e minerais para reparar células danificadas. Fontes importantes incluem:

  • Vitamina A e beta-caroteno: Vegetais verdes escuros, cenoura, fígado.
  • Vitamina C: Frutas cítricas, como laranja e limão.
  • Vitamina E: Oleaginosas e óleos vegetais.
  • Selênio: Grãos integrais, peixes e ovos.
  • Zinco: Carnes magras, leguminosas e laticínios.

Suplementos só devem ser usados com orientação profissional, pois o excesso pode ser prejudicial.

Conclusão: o equilíbrio é fundamental

Além de uma alimentação balanceada, é essencial manter:

  • Prática regular de exercícios físicos (aeróbicos e musculação).
  • Sono de qualidade.
  • Saúde mental equilibrada.

Para quem vive com HIV, esses pilares, somados ao uso correto de medicamentos antirretrovirais,

garantem uma vida longa e saudável. Lembre-se: a dieta é uma aliada poderosa, mas deve ser adaptada às necessidades específicas de cada pessoa.

 

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